Assim como a claustrofobia, o termo está relacionado a uma fobia específica e não pode ser considerado um diagnóstico de saúde mental
Anna Alves,
Breno Campos e
Bruna Medeiros
Fonte: g1.globo.com
Em: 02/06/2024
Catástrofes naturais cada vez mais frequentes, guerras, pandemia e a ideia constante de que o planeta está prestes a acabar. Assim como fobias específicas, a calipsefobia leva a pessoa a ter medo em relação a um objeto fóbico — neste caso, o temor da chegada de um cenário apocalíptico.
A ansiedade e o medo são componentes importantes e intrínsecos à natureza humana, são emoções normais do dia a dia, mas que podem se tornar patológicos, explica Elton Kanomata, psiquiatra no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Atualmente, a tragédia que assola o Rio Grande do Sul, por exemplo, pode ser gatilho ou até mesmo levar ao diagnóstico de um quadro profundo e intenso de ansiedade, preocupação e medo. Para o médico, trata-se, principalmente, da questão da incerteza e do desconhecido.
“Muitas vezes pode ser algo que já tenha de base ou pode desenvolver ao longo da vida. A fobia específica acaba se desenvolvendo quando jovem, mas pode acontecer mais para frente, quando mais velho. Pode surgir do nada ou por conta de uma experiência, como quem sofreu um trauma”, avalia.
A elevação do nível de estresse e de outros sentimentos psíquicos deve ter um acompanhamento psicológico, principalmente quando o sintoma extrapola e leva a um sofrimento significativo para a vida da pessoa, um medo que paralisa, explica o psiquiatra.
Prevenção para o fim do mundo?
A paulistana Aline de Oliveira, 43 anos, head em agência de marketing, descobriu há pouco tempo o termo calipsefobia. Foi na busca de informações sobre o fim do mundo que identificou a sua preocupação sobre o futuro do planeta.
Apesar de não ser paralisada pelo medo e também não sentir necessidade de seguir um tratamento psicológico, ela conta que esta é uma preocupação constante que tem e que se vê fascinada por filmes sobre o fim do mundo. “Assisto muito filme de fim de mundo porque a ideia é ver como se safar. Eu levo na esportiva, sempre brincando, mas estou com o assunto em pauta. É um assunto constante. Aí acontecem essas coisas, como aconteceu a tragédia do Sul, e eu falo ‘tá vendo, não é tão longe da nossa realidade”. Em troca de mensagens com amigos e familiares, Aline diz “encher o saco das pessoas” sobre o armazenamento de comidas não perecíveis, de água e de formas como se prevenir. Diz que usa a brincadeira como um recurso para lidar com o medo.
Calipsefobia: o medo compulsivo do final do mundo Imagem: g1.globo.com.br |
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